Um dos principais pontos turísticos de Santos-SP é um passeio imperdível. Esse grão que foi parte super importante do mundo e do Brasil e até hoje, tornou-se identidade nacional. O Museu do Café é um marco da história e localizado pertinho de nós.
Localização
Localizado no centro histórico de Santos-SP. Santos fica localizado no litoral de SP, na Baixada Santista. De São Paulo, a distância é de, em média 80 km, dá mais ou menos 1h a 1h30.
Endereço: Rua XV de Novembro nº 95 – Centro Histórico
História
O prédio onde hoje é o Museu do Café, antes era Bolsa do Café, inaugurou em 7 de setembro de 1922, integra as comemorações do Primeiro Centenário da Independência do Brasil. O palácio foi construído especialmente, para as atividades a cerca do mercado do café.
O objetivo da Bolsa Oficial do Café foi centralizar e organizar as operações cafeeiras da época e consolidou a região como a maior praça cafeeira do mundo. No espaço, realizavam negociações que determinavam as cotações diárias das sacas de café.
Toda firma que desejasse comprar ou vender café na Bolsa precisava utilizar um de seus corretores oficiais nos pregões que aconteciam diariamente. Além disso, a Instituição emitia certificados de qualidade quando acionada para arbitrar vendas, com peritos que classificavam as amostras.
Com a crise mundial de 1929, a bolsa de café de Santos, sofreu grande impacto nas suas transações e provocou queda nas transações até 1957.
Museu do Café
Depois de um período fechado, o prédio passou por uma restauração nos anos 1990, quando a comunidade do café se mobilizou para restaurar o edifício histórico. Surgindo assim, o principal museu dedicado ao comércio cafeeiro.
Assim, o Museu do Café, inaugurou em 1998, com o objetivo de preservar e mostrar a história do café no Brasil e no Mundo. Em 2009, foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). A construção do palácio é considerada a obra mais importante do período.
Como é
Logo de cara, a arquitetura e detalhes do prédio impressionam, com suas cúpulas de cobre, esculturas e vitrais. Ali também no centro, na esquina da Rua Tuiuti, a Torre do Relógio tem cerca de 40 metros, o dobro da altura do prédio da Bolsa Oficial do Café e no topo estão quatro esculturas que simbolizam a agricultura, o comércio, a indústria e os navegantes.
Salão do Pregão
Bem no centro do edifício, a área que mais impressiona é o salão central, é composto por uma mesa principal e mais alta e setenta cadeiras, era o espaço principal da bolsa, onde realizavam as negociações que determinavam a cotação diária do café.
Nas paredes do salão, tem algumas belíssimas obras de Benedicto Calixto, “O Porto de Santos em 1822”, “A Fundação da Vila de Santos – 1545”, “O Porto de Santos em 1922” e o vitral “A Epopeia dos Bandeirantes”. O vitral chama muita atenção, é muito bonito.
É um salão oval e vazado, ou seja, do segundo andar consegue olhar o que está acontecendo ali no salão do pregão. Imagino que na época quando tinham as negociações, devia ficar lotado de gente assistindo. Era um grande evento e marcavam o ritmo da Praça de Santos.
Dentro do Pregão, só eram permitidos atuar Corretores Oficiais, que eram nomeados diretamente pelo Estado, após cumprirem as exigências necessárias. Além das partes envolvidas nas negociações, todos que queriam acompanhar também podiam assistir os pregões.
Café, Patrimônio Cultural do Brasil: Ciência, História e Arte
‘’Em um grão, um mundo. Em uma xícara, a força de muitas mãos’’
Saindo do salão de pregão, começa a visita do museu. Com a exposição de longa duração, a curadoria contempla a temática do grão em diferentes segmentos, mostrando detalhes sobre o café, como é mais que um produto agrícola, é identidade nacional.
Dividida em 3 módulos, o primeiro módulo ‘’Da planta à xícara’’, apresenta alguns pés de café, objetos do acervo e conta como é feito o processo desde o plantio até a embalagem. No segundo, ‘’História do Café’’, mostra uma linha do tempo com toda a trajetória do grão, mostrando desde o início, onde começou, até a exportação para Europa, Brasil e depois, mostra a expansão pelo Brasil inteiro.
No terceiro módulo, ‘’Praça de Santos’’, é retratadas as profissões ligadas ao ramo, contando sobre cada profissional envolvido no processo e dá nome a pessoas que trabalharam com isso ou que trabalham até hoje.
Para finalizar, tem ‘’Artes e Ofícios’’, onde é possível observar os materiais usados na construção do edifício. No andar superior, tem uma parte de Benedicto Calixto, contando sua história e seu envolvimento com o museu, já fui na pinacoteca Benedicto Calixto em Santos e contei tudo aqui.
No momento, está com uma exposição temporária de xícaras de café.
Da Planta à Xícara
Nessa primeira parte, o que vemos no centro são plantas e em volta do salão, explicações sobre cada etapa da produção do café. Desde o início, com a produção das mudas, já que a planta do café é bastante frágil e não pode plantar diretamente ao solo, tem que acomodar em saquinhos específicos.
Preparo do terreno, plantio das mudas, manejo do cafezal, colheita e abanação, processamento, entre outras várias etapas. É muito legal de ver e interessante pois tem os objetos usados e é muito informativo.
Escadas
‘’O que o café te faz lembrar?’’
Saindo dessa parte, para irmos pro andar superior, temos que subir alguns degraus e eles colocaram várias frases que nos fazem pensar a cerca do que o café representa na vida das pessoas.
Com essa frase principal e as respostas de várias pessoas, impossível não se identificar com algumas. Achei muito legal isso, pois, o café não é só uma bebida, ele está envolvido em memórias afetivas.
História do Café
Chegando ao andar superior, sempre com alguns funcionários para te demonstrar o caminho. Chegamos nessa parte muito legal, onde conta qual foi o caminho que o café fez para chegar até o Brasil.
Eu adorei o mapa que mostra de onde começou, pra onde foi conforme os anos se passaram e os caminhos pelo mundo. Ao mesmo tempo, que com a linha do tempo, marca os eventos importantes como Segunda Guerra Mundial, Quebra da Bolsa de 1929, entre vários outros eventos da história mundial.
Na ausência de documentos históricos de como começou, a história acaba sendo preenchida por lendas e uma das mais conhecidas é a Lenda de Kaldi. Conta-se que um pastor de cabras do Norte da África teria percebido um comportamento estranho em seu rebanho: as cabras estavam mais agitadas e com muita energia.
Ele observou que elas comiam os frutos e as folhas de alguns arbustos, onde pastavam e resolveu também experimenta-los, confirmando seus atributos estimulantes. Isso na época de 575 d.C. Mudas de café teriam sido levadas, posteriormente, para a região do Iêmen.
Ou seja, seu início foi no Oriente Médio e com a popularização do consumo, foi levado para África e Europa, através de navios levando especiarias. O hábito de tomar café trouxe a bebida para o centro das relações sociais.
Com isso, o café passou a ser vendido por ambulantes, nos mercados e em lugares públicos para isso. Fontes indicam que ele entrou na Europa através de Veneza, na Itália. Mas os países árabes ainda dominavam a produção.
Os holandeses foram os pioneiros na Europa em obter as mudas e reproduzir o café, no século XVII. Enviaram para suas colônias e Amsterdã tornou-se grande centro difusor do produto, dando aos holandeses o controle sobre o comércio.
Toda a história
No Brasil, iniciou o cultivo por agricultores paraenses nas primeiras décadas do século XVIII e por volta de 1760, o café chega ao Rio de Janeiro e ocupa terras da Baixada Fluminense e Vale do Paraíba.
A história do café passa pela política café com leite, expansão ferroviárias, construção do Porto de Santos, que foi com que fez nascer o povoado de Santos.
Praça de Santos
A comunidade comercial e financeira da cidade de Santos é conhecida historicamente como Praça de Santos. A vida colonial de Santos sempre esteve ligada a Praça e ao Porto. O centro urbano santista teve seu primeiro impulso de crescimento no período de 1860 e 1890.
O café determinou também as relações de trabalho na região, como os estivadores, carregadores e outros profissionais ligados à movimentação das mercadorias no Porto. A história de Santos cruza intimamente com o café.
Catadeiras, corretores de café, fiel de armazém, classificadores, ensacadores, estivadores, costureiras, todos esses profissionais que existem até hoje são profissionais do café.
A Xícara do Museu
Com a exposição de 100 pares de xícaras de café, produziram em diferentes partes do Brasil e são finalistas de um concurso, feito pelo Museu do Café, com objetivo de selecionar e celebrar a união do ofício com a bebida, pra comemorar os 22 anos do museu.
Cursos
Para quem se interessa por essa área e tem interesse de trabalhar com isso ou mesmo só pra conhecer mais sobre. Eles dão vários cursos como: barista básico, curso de torra de café e workshops gratuitos.
Barista é o termo italiano criado para o profissional especialista na arte de preparar café. O objetivo é criar bebidas especiais com café e preparar a xícara perfeita. Com o aumento do interesse das pessoas por cafés, imagino que essa nova profissão esteja em alta.
Para quem deseja conhecer mais, dê uma olhada na agenda do museu aqui.
No momento, por conta do covid, estão suspensos todos os cursos.
Cafeteria do Museu
Logo na entrada, fica a cafeteria, que pode ser visitada independente de fazer a visita ao museu. O museu é referência de qualidade na comercialização do café, por meio da cafeteria. Com fluxo diário de 600 pessoas e venda de aproximadamente 450 xícaras de café diárias.
A Cafeteria é premiada pela Associação Brasileira da Indústria de Café(ABIC) com o status premium, no programa de abrangência nacional círculo do café de qualidade.
O cardápio é bem extenso e tem vários tipos de cafés, grãos e feitos de formas diferentes. Você pode optar pelo espresso, coado, feito na pressca. E o melhor é que os funcionários são ótimos e explicam sobre cada café para escolher. Eu experimentei o coado da mistura da casa e amei! Muito gostoso mesmo.
Além dos cafés, tem bebidas super diferentes feitas com café, pães de queijo, bolos e cafés de vários produtores diferentes para poder levar pra casa.
Loja
Dentro do museu, tem a lojinha onde vende vários souvenirs do museu, canecas, camisetas e xícaras.
Horário de Funcionamento
De Quarta à Domingo das 11h às 17h
Cafeteria: Terça à Domingo das 11h às 17h
Valores
Adultos R$10 reais
Estudantes e Idosos: meia entrada
Aos sábados, entrada gratuita
O que eu achei? Vale a pena?
SIM! Eu me surpreendi muito, moro em Santos há 20 anos e só tinha passado em passeios da escola, mas ir com intuito de visitar mesmo, nunca tinha ido. O passeio é super completo, muito interessante e informativo.
O Edifício está super bem preservado, as exposições são lindas e a cafeteria fecha com chave de ouro. Com café de qualidade, bom atendimento e um ambiente muito especial, que te remete à outra época. Infelizmente, a fachada estava passando por alguma reforma e por isso, não consegui ver e tirar foto da frente.
Porém, separem um tempo grande pra conhecer, eu falei um pouco aqui e faltou muitas coisas pra falar, se eu falasse tudo que eu vi lá, ia dar 10 mil palavras. Nós ficamos 2horas no passeio e facilmente, dava pra ficar mais pra ler e ver todos os detalhes. Sem contar que é parte do passeio ficar um tempinho na cafeteria, então, separem meio período pra conhecer o museu.
O ingresso é super em conta e pra quem está em São Paulo, é rapidinho. Vale muito a pena. Já te adianto que durante a visita, vai te dar uma vontade de correr pra cafeteria tomar um cafezinho.
Beijos!